2005/12/30

Pinhel

No passado dia 21, esteve nesta localidade o Senhor D. Sebastião da Cunha, cuja visita teve como objectivo informar os dirigentes do Centro Recreativo e Cultural “S. Gens”, que seu pai D. António da Cunha, proprietário da Quinta de S. Gens, atendendo ao pedido que lhe fora feito oferecia, para bem do desporto e da freguesia cerca de 40.000 metro de terreno situado nas Galegas.

Este gesto do Senhor D. António da Cunha é a todos os títulos digno dos maiores elogios.

Dado que se trata de uma área de terreno tão significativa, há que proceder a um estudo atento do mesmo no sentido de se evitarem possíveis erros no futuro.

Para isso os responsáveis do C.R.C. “S. Gens”, deverão pedir a colaboração de todas as entidades particulares e oficiais, nomeadamente à Câmara Municipal através dos seus Serviços Técnicos.

Estão pois de parabéns a freguesia e o C.R.C. “S. Gens”, pelo notável aumento do seu património, só devido ao gesto de generosidade desinteressada do Senhor D. António da Cunha, gestos estes que felizmente, cada vez rareiam mais nos nossos dias.

A.E.

Noticias de Ourém, 10 de Dezembro de 1976

2005/12/23

Os primeiros peregrinos de Ourém em Fátima

É esta uma fotografia histórica, que testemunha a presença de pessoas de Vila Nova de Ourém em Fátima, logo que se tornaram conhecidas as aparições de Nossa Senhora. Foi obtida há 70 anos no próprio local onde se encontrava a azinheira sob a qual os três pastorinhos, Lúcia, Jacinta e Francisco viram a Mãe de Deus, na Cova de Iria.

Da direita para a esquerda encontram-se António Lopes e esposa D. Arminda Lúcia Casimiro e Sousa, D. Maria Isabel de Barros e Sá Pereira, D. Madallena Franco Preto, D. Elisa de Deus, senhora Fuschini e Ana da Silva.

Foi tirada no dia 17 de Setembro de 1917 junto do arco feito de troncos de árvore erigido pelo povo no local da azinheira, podendo ver-se as suas lanternas de folha e uma cruz no topo do arco. Junto do grupo, à frente os videntes, Jacinta, Lúcia e Francisco.

No Suplemento do “Noticias de Ourém” a 08/05/1987.

2005/12/19

Estratagema de larápios

Ceissa

Joaquim Carvalho é um septuagenário que vive com a mulher e uma neta no lugar do Oiteiro desta freguesia.

Numa das últimas noites, cerca das 2 horas, bateu-lhe desenfreadamente à porta um garoto – que não conheceu – para dizer que fosse sem demora a casa de um filho, casado, que mora a uns quinhentos metros dali, pois o mesmo se encontrara subitamente mal.

Abalou o pobre homem, acompanhado pela mulher e a neta, todos numa angústia de alma, mas qual não foi o seu espanto quando ao chegar à porta do filho, verificou que este gozava de perfeita saúde. Reconhecendo o logro, voltou com os seus, imediatamente, num vago pressentimento, que pouco depois se confirmava ao encontrar a casa saqueada pelos gatunos que nem a salgadeira lhe pouparam.

No “Noticias de Ourém” a 02/03/1941.

2005/12/08

A luz

Com grande incremento se vão ultimando os trabalhos afim de que em breve tenhamos a energia para iluminação e outros fins industriais, fornecida pela Companhia Eléctrica das Beiras.

A rede da Vila está a ser adaptada à nova corrente e na Central Eléctrica está a construir-se a cabine transformadora. O cabo de alta tensão encontra-se já, pode dizer-se que a poucos metros da área da Vila.

A construção dos restantes ramais que conduzirão a energia para as outras localidades do concelho prossegue também com afinco.

Não tardará pois que todo o concelho, ou pelo menos uma grande parte, possa beneficiar deste melhoramento.

No “Noticias de Ourém” a 11/05/1941.

2005/11/13

Importante plano de urbanização camarária

Na última sessão do Concelho Municipal, foi, pelo Ex.mo Presidente da Câmara, Sr. Capitão Vieira Justo, apresentada à apreciação e aprovação daquele organismo, um vasto e importante plano de melhoramentos a levar a efeito pelo Município e do qual beneficiará não só a Vila como todo o concelho. É uma concepção magnífica que depois de executada colocará a cabeça do concelho e este no ritmo das modernas realizações urbanísticas e que por isso mesmo mereceu o pleno e unânime consenso daquele douto Conselho.

A esse plano nos referimos oportunamente, com a devida minúcia, já que as nossas ocupações presentes não no-lo permitem para hoje: no entanto para que os nossos leitores desde já possam avaliar da sua vastidão e importância damos a seguir a nota resumo dos melhoramentos nele previstos:


Abastecimento de água à Vila;
Construção de uma escola na Vila, para o sexo feminino;
Ampliação do edifico dos Paços do Concelho, com a construção de um corpo igual ao existente, para nele serem instalados todos os serviços públicos;
Construção do mercado fechado;
Saneamento da vila;
Grandes reparações nas estradas e caminhos municipais segundo as respectivas comparticipações concedidas pelo Estado;
Continuação e conclusão da Avenida D. Nuno Álvares Pereira (Conde de Ourém);
Continuação da Electrificação do concelho.

No “Noticias de Ourém” a 21/09/1941.

2005/11/01

Melroeira esteve em festa

Melroeira (Atouguia) esteve em festa no passado domingo por motivo da inauguração duma fonte.

Foi razão de grande regozijo, em Melroeira, freguesia da Atouguia, deste concelho, a inauguração dum melhoramento, a inauguração que se realizou no passado domingo com a assistência do Sr., Presidente da Câmara e outros membros da Vereação, Junta de Freguesia e Regedor da Atouguia, Banda de Vila Nova de Ourém e povo da Melroeira e arredores.

Esteve em festa a boa gente desta região que de há muito aspirava possuir uma fonte digna desse nome, melhoramento que viu finalmente realizado graças à iniciativa duma comissão local composta pelos Srs. Manuel Batista, António Batista, Joaquim Vieira, Teófilo Ferreira e António Ferreira Borda de Agua, comissão esta que junto da Câmara, da Confraria de N. S. Amaro, da Junta de Freguesia da Atouguia e do povo conseguiu o auxílio necessário para levar a efeito tal melhoramento.

Na inauguração desta fonte, festa a que presidiu o Sr. Capitão Vieira Justo, Presidente do Município proferiu esta Autoridade palavras de louvor às pessoas que constituíam a comissão cuja boa vontade sinceridade e justiça reconheceu pelo que lhes prestou todo o concurso dentro das possibilidades do erário Municipal.

O Sr. Presidente da Câmara disse ainda do muito interesse que à Vereação mereciam estas iniciativas e bem assim tudo quanto representasse melhoria de situação para as populações rurais.

Por fim, explicando que todos estes benefícios resultavam afinal da sábia orientação de Carmona e Salazar levantou a estes um viva e em seguida outro ao Chefe do Distrito, Sr. Dr. Eugénio de Lemos o qual impossibilitado de comparecer como era seu desejo, delegara nele Presidente – afirmou – a sua representação.

Todas estas saudações foram entusiasticamente correspondidas.

A excelente Banda de Vila Nova de Ourém que abrilhantou o acto realizou também um concerto no adro da Capela de N. S. do Amparo.

No “Noticias de Ourém” a 09/11/1941.

2005/10/28

Um projecto grandioso

Pensa o Sr. Presidente da Câmara em promovê‑lo, segundo no‑lo afirmou, centralizando num edifício único e majestoso, todas as repartições públicas concelhias e comarcas. Para isso e segundo o anteprojecto presentemente em elaboração na Repartição dos Serviços Técnicos de Engenharia, que tivemos ocasião de apreciar e admirar, será aproveitado o actual edifício dos Paços do Concelho, cuja elegância e nobreza de linhas, mesmo nas actuais proporções, se impõe, e levantar‑se‑á outra construção igual, ligada àquela por um corpo central, no mesmo estilo, de modo a que o portão principal fique no topo do eixo do prolongamento da rua Alexandre Herculano.

Será neste corpo central, onde ficará situada a entrada nobre do edifício, que se localizará a sala das sessões de muito maior amplitude do que a actual. Uma escadaria monumental de belo traçado, toda de cantaria inclusive a balaustrada, dará acesso a essa sala. Na parede ao fundo da escadaria e para iluminação desta, será colocado um vitral tendo desenhadas e heraldicamente coloridas as armas do concelho.

O edifício que se estenderá assim, desde a Escola Conde Ferreira até muito próximo da Cadeia, medirá cerca de 80 metros. O corpo central, no mesmo estilo da construção existente mas a destacar‑se encimado por um frontão brasonado de maiores proporções do que os dos corpos laterais, terá de comprimento cerca de 12 metros.

No imponente edifício ficarão acomodados com largueza, decência e comodidade para o público e funcionários, não só os serviços municipais e judiciais, como ainda a Secção de Finanças, Tesouraria da Fazenda Pública, Conservatórias do Registo Civil e Predial, Posto da G. N. R., etc.

O largo fronteiro será possivelmente todo ajardinado de harmonia com o plano geral da obra.

O edifício da cadeia, uma vez livre do Posto da G.N.R., poderá melhorar as suas deficientes instalações.

A realização desta obra – perfeitamente exequível segundo o plano traçado de ser financiada com a comparticipação do Estado e com a obtenção dum empréstimo, pelo que apenas acarretará para o Município o encargo, durante alguns anos, de umas dezenas de contos – é um incontestável melhoramente que dignificará o concelho e principalmente a sua sede, melhoramento que aliado a um outro já definitivamente encaminhado – o abastecimento de águas –, marcará uma época de rasgado engrandecimento local.

Oxalá, portanto, que em breve vejamos o inicio das obras de ampliação dos Paços Municipais que serão depois de concluídos dos mais grandiosos de Portugal

No “Noticias de Ourém” a 06/09/1942.

2005/10/27

Castelo de Ourém

Vão recomeçar no próximo dia 1 de Abril, as obras de restauro deste interessantíssimo monumento. O que ali já se fez para sua conservação e valorização como documento histórico e arquitectónico, é de molde a garantir-nos um ressurgimento que há-de deslumbrar quem de futuro o visite.

Urge que se pense agora no conveniente arranjo da estrada de acesso ao velho burgo, pois a que presentemente o serve é de fazer retroceder os menos timoratos em escaladas dificultosas.

E que interessante não seria que na antiga Vila, hoje quási abandonada de população, se construísse uma daquelas “pousadas” que o Secretariado da Propaganda Nacional tomou a iniciativa de instalar em várias terras do País para acomodação e conforto do turista que as visita!

É bom lembrar que não só o castelo e outros monumentos atraem o curioso, o artista e o patriota; também o panorama que dali se abrange é qualquer coisa que assombra.

No “Noticias de Ourém” a 30/03/1941.

2005/10/25

Banda - 1939

Excursão a Lisboa, na realização do 5.º almoço ouriense em Lisboa. 21051939

2005/10/18

Desporto - Bombeiros - 1957


Jogo de futebol, realizado em 1957, em Leiria entre os grupos
desportivos dos Bombeiros Voluntários de Ourém e de Leiria.

2005/10/17

Nomenclatura dos largos e ruas da vila

Assinante do Notícias de Ourém desde o seu primeiro número, assinante e leitor (e às vezes modesto colaborador) que não é bem a mesma coisa, pois o leio sempre de ponta a ponta, e por vezes até os anúncios que não interessam, li também agora, e com particular atenção, a notícia dos nomes a dar às ruas e largos existentes em Vila Nova de Ourém e ainda aquelas já projectadas. Acho que tudo esta bem.

Os meus conhecimentos da história não vão além da contemporânea – do meu tempo – mas tenho ouvido dizer que foi a Rainha D. Maria II quem elevou à categoria de vila a antiga Aldeia da Cruz; que Santa Teresa de Ourém foi canonizada pelo povo, sendo, segundo creio, a única santa nossa conterrânea, e minha mais ainda pois nasceu no meu Zambujal, onde tem a sua capelinha, com uma lapide com as datas do seu nascimento e morte, e onde todos os anos se realiza uma festa em sua honra; que Afonso Gaio foi um poeta e dramaturgo que honrou a terra onde nasceu; que D. Manuel II foi Conde de Ourém, título que sempre usou de preferência a outros que possuía; e aqui já com conhecimento directo – sei também que o Tenente – Coronel Mariano Moreira Lopes é um heróico oficial superior do nosso Exército e um grande amigo dos ourienses e da nossa terra, que é também a sua; que o poeta Acácio de Paiva foi e continua a ser um nome brilhante nas letras portuguesas e que o amor por Ourém ficou demonstrado por mil e uma atitudes desde a referências em muitos dos seus versos à nossa terra, à sua comparência nas manifestações de regionalismo, onde esteve sempre presente; que o Dr. Joaquim Francisco Alves, o benemérito Dr. Alves foi uma figura inconfundível de prestígio e de bondade que dedicou uma vida inteira aos pobres do nosso concelho, ficando assinalada a sua assistência regular durante o período da “pneumónica” quando único médico na sede do concelho quase lhe não sobrava tempo para o descanso indispensável; oferecendo o terreno para a edificação da Casa da Criança, legando ainda, por sua morte, bens que garantem à sopa dos pobres um certo desafogo; e os Bombeiros, para quê falar deles?! Os serviços prestados são de tal monta que vão muito além de tudo que deles se possa dizer.

Pois bem, tudo está certo mas em meu entender incompleto.

Estranho, estranho e lamento não ver englobado nesta lista de nomes a homenagear afixando-os nas ruas e largos da Vila, mais um – o de Artur de Oliveira Santos. Este não foi poeta nem escritor, mas podemos dizer que foi jornalista, pois muito colaborou na imprensa regional nomeadamente no “Notícias de Ourém”, depois de há muitos anos – em 1908 e depois em 1913 – ter fundado e dirigido dois semanários em Vila Nova de Ourém. Não foi santo nem benemérito, por falta de vocação e de recursos económicos. Entretanto se considerarmos benemerência as dádivas do coração ele foi-o, na realidade também.

Mas o que ele foi sobretudo, tanto como muitos e mais do que muitos outros, foi um ouriense cem por cento amigo da sua terra, cem por cento amigo do seu amigo. Foi ele quem há perto de quarenta anos reuniu em Lisboa o primeiro grupo de ourienses para tratar de assuntos de interesse regional; foi ele quem, mais tarde ausente do País, de lá escrevia continuamente animando a comissão do primeiro almoço ouriense realizado em 1935, indicando-lhe nomes, fazendo apresentações; foi ele ainda quem depois sempre acompanhou a comissão organizadora da Casa de Ourém, e não exageramos dizendo que o êxito obtido, se deve a sua colaboração.

E depois sempre o encontramos junto de todas as iniciativas, embora muitas vezes se colocasse em segundo plano. Político sincero e convicto, defendeu sempre os mesmos princípios, mas para além disso estava a sua terra, a nossa Ourém.

Lisboa, 29/06/1960

Joaquim Ribeiro

No “Noticias de Ourém” a 03/07/1960.

2005/10/16

Toponímia de largos e ruas da vila

Conforme deliberação tomada pela Câmara em reunião de 3 do corrente, que abaixo se transcreve, foi parcialmente alterada a toponímia dos arruamentos da sede do concelho, e designados outros ainda omissos sob esse aspecto:

Em face do relatório da Comissão de Toponímia acerca de trabalhos de revisão da nomenclatura de vias públicas com vista ao 10.º Recenseamento Geral da População, a Câmara deliberou:

1.º Que o troço da Rua 1.º de Dezembro compreendido entre a Rua Teófilo de Braga e a Avenida D. Nuno Álvares Pereira passe a designar-se Rua Tenente-coronel Moreira Lopes, em homenagem ao heróico oficial desse nome e grande amigo de Ourém, ali residente;

2.º Que o Largo General Carmona passe a designar-se Largo Marechal Carmona visto a patente daquela designação se ter desactualizado;

3.º Que o Largo Rodrigues Sampaio passe a designar-se Praça D. Maria II, a rainha que, por seu alvará de 25 de Setembro de 1841 elevou a povoação de Aldeia da Cruz, já então sede de concelho, à categoria de vila com a designação de Vila Nova de Ourém;

4.º Que os logradouros e arruamentos projectados ou ainda omissos na toponímia actual da Vila, a seguir indicados, passem a ler as seguintes designações:

a) Ao jardim a construir na Praça da República – mantendo esta a sua designação – o nome ilustre de um dos maiores líricos da língua portuguesa, que muito amou o concelho de Ourém, onde viveu e morreu – o Poeta Acácio de Paiva.

b) Ao troço da estrada nacional n.º113, entre a Rua Teófilo de Braga e o cruzamento com a Avenida D. Nuno Álvares Pereira (à Sapateira), o nome de Santa Teresa de Ourém, em homenagem à virtuosa senhora, falecida em 1266, a quem em vida ainda o povo canonizou.

c) À Rua E do Plano de Urbanização, o nome de Afonso Gaio, poeta e dramaturgo ouriense de grande relevo, que muito honrou a terra natal, arruamento que ficará implantado em parte na cerca da casa onde o homenageado viveu.

d) À Rua C do Plano de Urbanização, a designação de Rua dos Bombeiros Voluntários, em homenagem à briosa e prestante corporação local que ali tem a sua sede.

e) À projectada praceta, ao fundo dessa Rua, o nome de D. Manuel II, que foi o 35.º Conde de Ourém, título de que se orgulhava, pois no exílio o usou de preferência a qualquer outro inerente à sua alta hierarquia.

f) Ao troço da estrada nacional conhecida par estrada do Regato, entre essa praceta portanto e o largo do mesmo nome, a designação da Rua 1.º Marquês de Valença, um dos mais ilustres varões de Portugal de Quinhentos, que à antiga vila de Ourém deu novos pergaminhos e materialmente engrandeceu também, como o atestam ainda os monumentos ali existentes cuja construção promoveu. Foi o primeiro marquês de Portugal e o V Conde de Ourém e jaz na cripta da antiga Sé Colegiada.

g) Ao largo do Regato, onde se levanta a cruz que o Condestável ali mandou erguer piedosamente, e em cuja peanha se encontra gravada a data gloriosa de Aljubarrota (1385), a designação do Largo da Cruz.

h) Ao troço da estrada nacional n.º 113, entre o Ribeirinho (onde a Rua 5 de Outubro acaba) e o limite da Vila (Corredoura), o nome do médico e benemérito que ali viveu, o Dr. Joaquim Francisco Alves, que, para instalação da Casa da Criança, ofereceu o terreno necessário, e que por morte legou bens que permitem vida desafogada à instituição local “Sopa dos Pobres”, também Instalada na mesma rua.

No “Noticias de Ourém” a 26/06/1960.

2005/10/13

Um frigorifico

O estabelecimento de salsicharia e carnes, sito no Largo General Carmona, e pertencente ao Sr. Victor Hugo Espada, acaba de ser dotado com um apreciável melhoramento, um magnifico aparelho destinado a conservar e a evitar portanto a fermentação ou putrefacção dos produtos confiados à sua guarda.

O novo frigorífico é de grandes dimensões e excelente aspecto e a sua aquisição por parte daquele nosso amigo com o fim de valorizar o seu estabelecimento e beneficiar a terra, merece-nos toda a simpatia, razão porque sinceramente o felicitamos.

No “Noticias de Ourém” a 07/09/1941.

2005/10/05

Secção Desportiva

Em Vila Nova de Ourém as diversas modalidades desportivas, têm altos e baixos que mais parecem as marés do que escolas de atletas. Sucede isto com todos os desportos, mas especialmente com o Basket-ball que por ser uma das modalidades que mais treino e persistência requere, a ela me quero referir particularmente.

O Basket em V. N. de Ourém atingiu o seu máximo, quando um grupo de rapazes cheios de boa vontade, não tendo medo ao frio,
à chuva ou ao calor, conseguiram conquistar o Campeonato Regional.

Eram rapazes que se sabiam impor e que sacrificavam as suas vaidades e outras paixões àquele desporto. Sabiam os dias e horas de treino e se algum faltava era castigado.

Desses rapazes, alguns há que actualmente fazem parte do grupo. Fizeram o seu tempo e aguardam ansiosos a vinda dos novos que se fazem esperar e que não sabemos se chegarão.

Há outros sítios onde se divertem, mas também onde arruínam a saúde, que os chama e para onde vão de boa mente.

Um dia ou outro fazem um treino, um desafio um pequeno esforço desportivo (porque no desporto é preciso fazer esforços) e logo se queixam de fraqueza, de pontadas e muitas outras coisas, atribuindo logo o mal ao desporto. Mentira. O desporto bem conduzido, com a devida regra, metódico, só dá alegria causa prazer e entusiasmo.

Devem atribuir, sim, os seus males, à vida desgarrada, vida de ócio a outras causas mas não ao desporto. Isso sim, isso é que é a causa dos seus males.

É pena, de facto, ver rapazes no apogeu da vida, que mais parecem uns velhos do que moços.


Rapazes que no desporto seriam verdadeiros atletas, mas aos quais o vício se impõe. Rapazes que não têm força de vontade suficiente para se saberem conduzir. É por isso que em V. N. de Ourém a percentagem de tuberculosos é considerável. Mas não julguem que só a tuberculose é endémica no concelho. O álcool a par daquela doença, quer directa, quer indirectamente, causa um número considerável de vítimas.

Rapazes de Ourém, criai animo, subjugais o vício, ou melhor, os vícios, ponde de parte essa indiferença pelas coisas da vossa terra, dedicai umas horas ao desporto e vós encontrareis sempre quem vos guie.

Rapazes de Ourém o vício arruína-vos, o vício arruína a vossa família, o vício conduz sempre à degradação moral.

Praticai desporto e voltareis a ter saúde; praticai desporto e vivereis alegres; praticai desporto e vereis a vossa família cheia de vida gozando o que de melhor temos nesta vida – saúde.

Dral

No “Noticias de Ourém” a 09/02/1941.

2005/09/28

O recinto dos Bombeiros

O recinto dos Bombeiros, encontra-se extraordinariamente valorizado com o novo arranjo que sofreu.

Excelentemente aproveitado e embelezado, garridamente vistoso, bem iluminado, beneficiou de uma transformação completa que o tornam por todos os motivos o local ideal destas noites de Verão.

Deve-se a António Á, aos seus recursos de bom gosto e desembaraçada actuação, este feliz resultado.

No “Noticias de Ourém” a 10/08/1950.

2005/09/25

Faz agora cem anos

Foi assim:

Encarrapitada no coruto de elevado monte, à sombra dos castelos, Ourém, a filha da visigoda Abdegas, senhora de forais e pergaminhos, terra de fidalgos e de padres, era a cabeça dum rico, vasto, nobre e antiquíssimo concelho.

Cá em baixo, mesmo aos seus pés, virada ao norte, rastejava a Aldeia da Cruz – duas fileiras de casas muito brancas ao longo duma estrada, entre pinheirais e campos ubérrimos de cultura agrícola.

Aldeia da Cruz, ao lado de Ourém, não era nada – nem como povo, nem como prestígio, nem como importância histórica. Mas enquanto a vida, lá em cima, era espinhosa, porque os meios de subsistência tinham de vir de fora e os caminhos eram longos e difíceis, cá em baixo, não. Vivia-se melhor. Havia água. Os terrenos eram óptimos para o amanho. A situação excelente. As vias de comunicação abundantes e fáceis.

Não admira, portanto, que os homens, pouco a pouco, viessem estabelecer-se, de preferência, na modesta aldeia ribeirinha, à medida que os já pouco apertados laços que os prendiam à vila se iam quebrando. No princípio do século XIX já nem os magistrados viviam lá. E tão grande se foi tornando o desnível de possibilidades entre uma e outra povoação, que muitos dos próprios membros da Colegiada, paladinos sempre entusiastas dos altos privilégios de Ourém, principiaram a vir também, com os funcionários, residir no vale.

Num documento de 1825 se chama a Aldeia da Cruz “terra muito bem situada, onde há muitos anos residem as autoridades civis”; e se frisa que “o local da terra, continuado e bem estabelecido o negócio, chama novos habitantes, que não só reedificam casas arruinadas, mas fazem novas.”

Quanto à vila, essa, cada vez mais abandonada, “por não poder prestar comodidades alguma aos seus habitantes, e menos aliciar os de fora”, estava condenada a desaparecer: “Ela, por si, sem indústria humana ou caso fortuito, há-de necessariamente findar, e já há muito teria acontecido se os membros da Colegiada não fossem obrigados a rigoroso coro.”

A vida ia passando toda cá para baixo. Aqui moravam autoridades, professores e demais empregados. Aqui ficava, às vezes, a mesma tropa, que devia, por itinerário, aquartelar-se na vila. Aqui se realizavam as melhores festas religiosas da comarca. Aqui se resolviam já os negócios públicos da vida concelhia.

Aldeia da Cruz era, de facto, a cabeça do concelho. Já não merecia, por isso, que lhe chamassem aldeia. Dizia-o e sentia-o toda a gente. E veio a reconhecê-lo, oficialmente, a rainha D. Maria II, elevando-a à categoria de vila, com o nome de Vila Nova de Ourém, que ainda usa.

Foi em 25 de Setembro de 1841. Faz agora, precisamente, cem anos.

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Há que fixar a data. O dia 25 de Setembro, que aí vem, não é um dia vulgar, morto, sem alma, como os outros. Para nós é mais. E vergonha seria deixá-lo passar despercebido, sem um olhar ao menos lançado atrás, aos fastos e grandezas desta terra, ou um acto de recolhida gratidão para todos aqueles que, tempos fora, nossos avós, ergueram as casas onde moramos hoje.

Vergonha seria, digo, que não tivéssemos, nesse dia, onde quer que nos encontremos, um pensamento diferente das preocupações habituais – unidos todos, por alguns instantes, na recordação das mesmas glórias. Bem tristes conclusões se poderiam tirar daí – porque, na verdade, as festas de família só não as lembra quem de todo perdeu a consciência do que deve aos seus ou de todo se deixou escravizar pelo quotidiano.

Faz cem anos que Vila Nova de Ourém existe. Depois de tantos centenários, depois dos próprios centenários da Pátria, que passaram pelas almas em febre e exaltação, e foram para todos lição magnífica de civismo, já não podemos ficar alheios ao nosso. Temos de o lembrar.

Neste propósito, alinhavo, posto que a correr, estas palavras. Não venho pedir festas. Não quero exposições. Não penso em luxos. Nem a falta de tempo, nem a hora de guerra que vivemos, permitem o brilho de grandes manifestações externas.

É outra a minha ideia.

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Já uma vez, quando se falava entre nós na reforma toponímica da Vila, que depois se realizou de facto, embora em grande parte com infelicidade, chamei a atenção dos ourienses para uma enorme dívida que temos a saldar. Há por aí ruas com nomes deslocados em abundância. Nomes que não nos dizem nada. Pessoas a quem a vida do concelho não ficou a dever absolutamente nada. Ora à Rainha D. Maria II, devemos nós a criação da Vila. Não é justo, portanto, que lhe consagremos uma praça, ou rua, ou avenida, ou largo, – nós, que temos sido tão prontos em homenagear aqueles até que nem souberam talvez que Ourém vinha no mapa?

Na reforma toponímica do ano passado, não se quis cuidar a sério desta homenagem. Por isso volto à ideia. É agora ocasião de repararmos essa imperdoável falta.

Não devemos, no entanto, ficar aqui. Além desta homenagem, bem poderia a Câmara determinar que o dia 25 de Setembro se tornasse o dia do feriado municipal. Até aqui, tem sido o 1.º de Maio. Mas porquê? Que representa esse dia para nós? Ainda neste ponto, o vício continua a ser o mesmo. Para a nossa qualidade de ourienses, tanto como o nome de muitas ruas, semelhante feriado é inteiramente vazio de sentido. Nem sequer é data nacional. Importaram-na os políticos não sei donde e é memória abominável duma qualquer revolução operária, das muitas com que as internacionais mancharam de sangue os povos. Abandonemo-la, pois! Com ser um acto de justiça e coerência, é, simultaneamente, um acto de higiene.

Em substituição, aí teríamos o dia 25 de Setembro. É uma data nossa Fundamental na história do concelho. E seria, de resto, o melhor, mais seguro, mais bem recebido modo de perpetuar, em espírito de regozijo e de festa, uma comemoração, como esta, que se impõe. O dia 25 de Setembro nunca mais nos passaria despercebido, com certeza.

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Mudando assim o feriado municipal de Maio para Setembro e dando o nome da Rainha a uma das ruas, praças ou avenidas da sede do concelho, já se faria muito, mas não tudo.

É preciso, antes de mais, que se promova oficialmente uma sessão solene, no próprio dia 25 ou, se já não houver tempo, como creio, noutro qualquer.

A sessão solene é o mínimo do brilho externo indispensável. Sem ela, tudo pareceria morto, ou pelo menos, sem entusiasmo. E importa que assim não seja. Que tomemos este centenário não como coisa que vai e vem, sem nos afectar, mas como coisa presente e viva.

Falaríamos aí da terra em que nascemos, dos factos e dos homens que a tornaram grande. Falaríamos dos nossos problemas de hoje, das nossas preocupações actuais, das nossas possibilidades. E, sobretudo, aproveitaríamos a ocasião para focar toda a importância económica e moral do ruralismo, da vida caseira e laboriosa dos nossos pais, presos à terra uma vida inteira.

+++

Eis como poderíamos comemorar o centenário de Vila Nova de Ourém.

São ideias simples que trago, fáceis de pôr em prática. Não sobrecarregam as finanças concelhias, nem implicam dificuldades de maior. É só questão de boa vontade.

E boa vontade espero eu da Câmara Municipal – para quem apelo, na certeza de que não é debalde.

António Rodrigues

No “Noticias de Ourém” a 14/09/1941.

2005/09/22

Carta dirigida a um HOMEM

Meu caro Toná:

Embora quase da tua idade, pois brincámos juntos na nossa saudosa e distante meninice, não tive a ventura de ter acompanhado de perto a evolução da tua mentalidade e o desabrochar da tua fecunda e nata habilidade.

Nasceste pobre de bens materiais, mas, em compensação, Deus deu-te a enorme riqueza do teu carácter íntegro e impoluto.

Bem novo ficaste sem pai, ficando, por assim dizer, entregue somente – a ti próprio e ao negregado destino que bem cedo te marcou com o ferrete da desgraça!

Bem sei que ficaste com a tua saudosa e boa mãe mas, coitada, ela não podia sozinha, cuidar de ti e da numerosa prole que teu saudoso pai havia construído.

Outro que não fosses tu, teria soçobrado ao peso de tamanha desventura!

Sem recursos materiais, sem bagagem de instrução, pobre Toná, encontraste-te neste Mundo mais pobre que Pedro Cem!

De repente, ergueste-te como um colosso e caminhas para a luta de fronte erguida e peito descoberto!

O que foi esta luta de gigante só tu o saberás dizer.

Lentamente, vais avançando sempre – como mais tarde avançavas nos campos de futebol -dando generosamente, nessa luta, o teu próprio sangue!

Sem nunca atropelares ninguém, foste avançando sempre – como avançavas heroicamente quando a sirene tocava e havia vidas em perigo! Avançavas na vida como só sabem avançar abnegados Bombeiros em luta com as chamas!

Durante longos e pesados anos, vivemos longe um do outro; tu aqui na nossa amada terra, gozando as belezas incomparáveis do torrão onde nascemos; eu, pobre de mim, lá no sul, lixado nessa lendária cidade de "mármore o granito", sofrendo os revezes da vida, suportando estoicamente um ambiente morno e conspurcado.

Tu, Toná, vivendo uma vida sã, num ambiente fresco e sadio, respirando o ar puro, exalado dos imensos pinheirais que circundam a nossa terra; eu, vivendo uma vida impura, respirando, amargamente, o ar viciado dessa enorme babilónia onde as almas se corrompem e os corações se destroem!

Tu, amigo, sempre no convívio dos teus amigos conterrâneos que hoje te honram com uma homenagem que bem mereces. Eu, lá longe, muito distante de ti e dos meus companheiros de infância, arrastando a minha cruz que, com grande sacrifício vou subindo o Gólgota da vida! Tu, Toná, criando sempre reservas de energias e vigor num ambiente sem mácula; eu, perdendo pouco a pouco as minhas forças no ambiente de miséria o podridão. Tu, vivendo uma vida feliz junto doe teus familiares e amigos, lutando embora para mereceres o amargo pão dos pobres, mas sempre compensado como reconhecimento de quem muito te quer e admira. Eu, lutando também para merecer o pão que já me não deve faltar, mas sem ter à minha volta as dedicações que tu, merecidamente, soubeste granjear. E sabes porquê?

É que a vida nas grandes cidades é bem diferente da das terras pequeninas.

Aqui todos se conhecem una aos outros; todos se ajudam mutuamente; lá em baixo, na grande cidade das luzes apagadas… somos eternos desconhecidos uns dos outros e nunca nos ajudamos mutuamente.

Aqui, se temos fome, aparece sempre quem a suavize; lá na cidade se a fome nos ataca, logo desaparecem os que sempre nos apareciam.

Tu, Toná, que ainda jogas o futebol, o basquete e não sei que mais; tu que ainda és bombeiro e dos melhores; tu que fazes ainda trinta por uma linha, parecendo que os anos passam por ti sem deixar mancha, conservas uma eterna juventude; eu pobre de mim, que há muitos anos não dou pontapés na bola – embora os dê no gramática como agora estou dando – há muito dificilmente me arrasto, sofrendo de tudo e mais alguma coisa, tornei-me um velho em plena primavera da vida!

E qual o segredo da tua eterna juventude? O bom ambiente em que sempre tens vivido!

E qual o segredo do meu prematuro envelhecimento? O mau ambiente em que sempre tenho vegetado!

Esta merecida homenagem que os teus amigos te dedicam é o reconhecimento da vida honesta, laboriosa e cristã que desde muito novo abraçaste e nunca mais abandonaste.

Todos aqui na nossa terra te estimam e apreciam as tuas reais virtudes.

Posso até afirmar, sem receio de desmentido, que nunca tiveste um, inimigo sequer!

Lá longe, onde eu tenho a minha vida de trabalho, chegam-me a todo o momento, os ecos de todo o bem que praticas a favor dos que ainda são mais pobres do que tu! E é por isso que eu aqui estou para te render as minhas homenagens sinceras de bom e convicto cristão; eu, que, como sabes, nunca ou quase nunca, apareço a festas que pretendem mascará-las com a Verdade, mas que são no fundo uma flagrante mentira!

A tua festa é sincera e pura e chegou, alegremente, junto de todos, até mesmo dos deserdados da sorte e da fortuna, dos que sempre tens protegido e acarinhado!

Aqui estou na companhia de minha mulher – e não está presente meu filho porque – está longe na sua vida do mar, lutando como tu e como eu – para te testemunharmos a nossa grande admiração por – ti e pela obra grandiosa e bela que criaste na nossa querida terra!

A nossa terra e também a dos nossos saudosos pais que se – fossem vivos ainda se sentiriam felizes e orgulhosos! Orgulhosos de ti, Toná, por verem tantas dedicações e amizades à tua volta! Orgulhosos de mim por verem como exprimo os meus sentimentos por ti e também e também porque voltou de novo para a posse “dos Ovelheiros” os pedaços de terra negra, mas ubérrima, que eles tanta vez regaram com o suor dos seus rostos!

Enquanto houver sobre a face da terra, corações bem formados corno o teu, Toná, o Mundo, embora envolvido nas mais tremendas paixões de egoísmo louco, há sempre cantar hinos de amor e carinho.

Praza à Providencia, Toná, que a tua preciosa saúde se mantenha durante largos anos na terra abençoada e querida que todos nós amamos!

E que no teu pobre, mas feliz lar, nunca faltem os teus braços abençoados, para que teus filhos nunca sintam o amargor que tu sentiste!

Vila Nova de Ourém está em festa; toda ela se move, se agita e se agiganta, reconhecida e agradecida por quantos concorreram para dar beleza – movimento a esta bem merecida homenagem na pessoa de um seu filho, que tanto a tem honrado!

E eu que sempre tenho terçado armas em defesa dos simples, meus irmãos gémeos no nascimento e no sofrimento, aqui estou mais uma vez terçando armas pelo Toná!

Aqui me tens de novo ao pé de ti, meu Toná da minha infância, não só para recordarmos tempos que não voltam mais, mas, também, para erguermos bem alto o nome da nossa amada terra que tão pouco cuidada tem sido!

Aqui estou de novo – pobre caminheiro a carpir saudades – na terra onde nascemos e donde, talvez, nunca deveria ter saído, porque os bens materiais com que enriqueci o meu mais que modesto património, ficam muito aquém daqueles com que tu, Toná, enriqueceste a tua saúde e a tua eterna juventude.

Aparece lá por cima, pelo Vale, onde tantas vezes brincámos em criança! Aparece por lá com os teus conselhos e as tuas magníficas lições de civismo e amor à nossa terra e eu te prometo, não igualar-te, porque isso não séria possível, mas, pelo menos, procurar imitar-te e procurar aprender contigo tantas coisas que eu não sei e que tu sabes de cor e salteado, não no campo do desporto; na sagrada e heróica missão de bombeiro, ou na sublime arte da música, qualidades estas para as quais nunca tive vocação nem saúde mas no campo social e humano colocando acima de tudo o teu enorme carinho pelas crianças e o teu grande amor pelos infelizes que sofrem!

Neste aspecto, sim, poderei aprender contigo e procurarei imitar-te!

Quero acabar esta carta, servindo-me das palavras do nosso, conterrâneo Flores de Andrade: “ é o ouriense que eu escolheria para erguer uma estátua na principal praça de Ourém, que personificasse o indivíduo que deu à terra onde nasceu o melhor de si próprio, o seu extraordinário espírito criador, da sua invulgar capacidade de trabalho, da sua eterna juventude, militando sempre como um verdadeiro Soldado Desconhecido, escondendo-se humildemente num anonimato dignificante".

Um grande e forte abraço do teu sempre amigo e companheiro de infância.

Alberto António dos Santos

No “Noticias de Ourém” a 29/07/1962 e 05/08/1962.

Livro de Homenagem

Livro de Homenagem - Vida Desportiva

Livro de Homenagem - Vida Associativa

Livro de Homenagem - Vida Artistica

2005/09/20

A homenagem a António Afonso

Decorreu com brilho apropriado e cunho e sinceridade a festa que, no domingo passado, carinhosamente envolveu o António Afonso.

O programa cumpriu-se com felicidade, desde as exibições desportivas em que “velhas guardas” se houveram sem perda de honra para as suas tradições, até aos novos que deram com êxito e galhardia as suas provas.

A festa, iniciada no campo de patinagem do Atlético, abriu-a com palavras de saudação o Sr. Presidente da Câmara, Dr. Acácio de Paiva, a que se seguiu no uso da palavra o Sr. Vice-Presidente da Federação de Atletismo, Dr. Sérgio Ribeiro, que fez o elogio do homenageado.

Este recebeu depois, além destas, outras provas de consideração e de admiração pelo seu esforço e dedicação ao desporto e às actividades recreativas e culturais, que se concretizaram na entrega de lindos ramos de flores e de numerosas lembranças. Entre elas sobressaía uma excelente fotografia, em tamanho natural (o António Á mede 1,90m.), emoldurada artisticamente, oferta da Banda desta Vila, de que o homenageado tem sido incansável e dedicado elemento.

A assistência, bastante numerosa premiou com muitas palmas os diversos actos que constituíram esta manifestação.

À noite, no Restaurante Avenida, com uma assistência que ultrapassou todas as previsões, reuniram-se os amigos do António Pereira Afonso, que lhe testemunharam mais uma vez a sua muita estima e admiração, tendo usado da palavra, além do Sr. Dr. Acácio de Paiva, que presidia, os srs. Dr. Amândio Rodrigues, Rev.º Pároco Henrique Fernandes, Dr., José Maria Perdigão, Alberto Santos (sócio n.º1 da Casa de Ourém), Joaquim Ribeiro e Acácio Souto, agradecendo por fim o homenageado, visivelmente comovido.

No “Noticias de Ourém” a 08/07/1962.