Não fala ainda o Tónio, o meu netinho,
não fala e vai já um ano e meio;
mas enche as casas todas um gorgeio,
um cholrear de inquieto passarinho;
que de manhã à noite alegra o ninho.
Há voz de mais amor? Eu não o creio.
Quer chore ou ria ou palre, em doce enleio
avós e pais adoram o Toninho.
Quando falar que mais há-de dizer
do que já diz agora o seu olhar,
o seu sorriso, o seu balbuciar?
Pois fala assim, meu pequenino ser,
oh! Cabecita loira, anjo de altar,
que eu sou avô e sei-te perceber
António da Luz Preto
No "Noticias de Ourém" a 06/07/1941
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