OS BARBEIROS
Nós somos três
Que ensaboamos
Escanhoamos
E rapamos
A cara a qualquer freguês.
Nós somos três
Que lavamos
Penteamos
Alindamos
A cabeça de um freguês.
Nós somos três
Com cheirinhos
Brilhantina
Amaciamos
Os cabelos mais rebeldes.
Que à madame
Lhe cortamos
O cabelo
À Garçonne, à Joãozinho
Que em seguida lhe rapamos
Com cuidado
O pêlo do pescocinho.
Que ao marido
Complacente
Que consente
Lhe fazemos caracóis.
Nós somos três
p´ra lavar
E pentear
E alisar
Os três somos sem rival.
Nós somos três
Que a cabeça ao carequinha
Lhe assentamos
Penteado capachinha.
Nós somos três
Que os bigodes
Do velhote já caídos
Pomos em pé outra vez.
Que os cabelos
Todos brancos
Num instante
Fazemos louros ou preto
Que os cabelos
Todos lisos
Escorridos
Fazemos em ondulado.
Que à francesa
Ou à inglesa
Ou à escovinha
Os cabelos aparamos.
1 comentário:
Estes versos! Que maravilha.
Como há mais de 70 anos se faziam coisas em Ourém!
E como algumas delas hoje seriam prova de vida nossa se, hoje, fossemos capazes de fazer coisas à altura (então esta dos barbeiros!... eu que ando às voltas com um corte de cabelo "estranho", e estranho me vejo ao espelho, para aranjar uma legenda para uma foto!)
Que será que vamos deixar para que, daqui a 70 anos, os de então sintam por nós a admiração e o respeito e a alegria que estes de há 70 anos nos proporcionam com o que nos deixaram?
Enviar um comentário