2005/04/06

Entrevista ao Sr. Presidente da Edilidade local, Dr. Carlos Vaz de Faria e Almeida

Vila Nova de Ourém, 12 de Janeiro de 1974.

- Tem V.ª Ex.ª encontrado dificuldades na administração do Concelho? Acha que terá havido, no decurso destes anos de administração, quaisquer factores que tenham dificultado ou estorvado a acção de V.ª Ex.ª?

- As dificuldades maiores sentem-se com a falta de técnicos permanentes nos serviços camarários, que a área do concelho e as obras em curso e planeadas, amplamente justificam. Felizmente que os agora contratados procuram suprir essas deficiências da melhor forma.
Quanto aos incumbidos de obras especiais, demorando os projectos encomendados, causam também embaraços na vida administrativa.

- É de todos conhecido o carinho especial que V.ª Ex.ª tem dedicado ao ensino, como o atestam os estabelecimentos criados e em funcionamento na nossa Vila.
Poderá esclarecer os nossos leitores como se encontra planeado o futuro funcionamento destes estabelecimentos, atendendo ao aumento crescente da população escolar e à exiguidade das instalações existentes?

- Quanto ao ensino, há que agradecer primeiramente os termos em que a pergunta é formulada para depois responder que, na realidade, foi com carinho que se encetou e acompanhou a obra em curso, carinho da nossa parte, carinho de outros que o concelho conhece e que sem a sua ajuda não seria possível levar a cabo tal empreendimento.
Temos a promessa de em 1974 se iniciarem as obras definitivas da Escola Secundária, tendo em atenção a futura frequência.
Aproximar desta o Ciclo Preparatório, embora continuando em instalações provisórias permitindo aos alunos utilizar, mais facilmente, as instalações comuns já iniciadas: o Pavilhão e cantina escolares.
Em relatório já enviado ao Ministério da Educação Nacional acompanhado de um, supomos, bem elaborado estudo com mapas, dados estatísticos, etc. procurando dar uma imagem do concelho para assim tornar mais eficiente o transporte dos alunos para a escola, estabelecendo novos horários, novas carreiras, aquisição de carrinhas para os locais onde aquelas não possam transitar etc., será mais uma achega ao ensino local que procuramos ver resolvido.
Criação dos cursos complementares liceal e técnico.
Tratando-se da juventude todo o muito é pouco, como ajuda nos primeiros passos da sua vida escolar.

- Muito se tem especulado acerca do aeródromo de Fátima. Para integral esclarecimento dos nossos leitores poderia V.ª Ex.ª enumerar os factores que mais têm obstado o início das obras? Neste momento quais as “démarches” que se aguardam?

- Esta pergunta já teve a sua resposta, melhor que a melhor que aqui se pudesse dar.
Quando da última campanha eleitoral os deputados propostos pela Acção Nacional Popular para este círculo eleitoral deslocaram-se a esta Vila para contactar com os eleitores fazendo assim a sua apresentação.
Fez-se uma pergunta.
Em que posição se encontra o aeródromo de Fátima?
Respondeu um ilustre deputado, que os seus pares escolheram como cabeça, que o mesmo estava incluído no IV Planeamento de Fomento.
Sendo assim, não o estaria em qualquer outro plano e portanto não financiado para suportar os encargos daí resultantes – umas dezenas de milhares de contos – nem sequer previsto para além das expropriações – mais de duzentas parcelas – a desobstrução do mesmo de estradas nacionais e camarárias sujeitas a novo traçado e ainda de ramais de alta tensão que o cruzam ou colidem com a sua zona de protecção.
Vem a propósito salientar que foram comparticipadas 14 cabines eléctricas a realizar até ao fim de 1973, porém para as 4 que se situam na freguesia de Fátima, embora concluída a rede de baixa tensão, não serão ainda inauguradas, como era nosso desejo por não ter sido, até agora indicado superiormente, o nosso traçado de alta tensão aliás solicitado.

- Como reage V.ª Ex.ª e qual o procedimento que adopta perante certas críticas, verbais e escritas que, por vezes, lhe são movidas por alguns sectores da opinião pública?
- Bem, é difícil responder à primeira parte desta pergunta pois que essa tal reacção é pessoal, variando ainda de caso para caso mas, quanto às críticas ou queixas, dirigidas superiormente, responde-se com dados e razões e pode crer que até hoje se aceitaram como boa, e sem qualquer reparo. Outras mais maldosas, deturpantes ou ainda caluniadoras, ficaram sem resposta pois que a nossa missão é, quando muito, essa a de esclarecer e não, o termo aqui cabe, evangelizar.

Entrevista feita por Mário Albuquerque

No “Noticias de Ourém” a 12/01/1974

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