2005/06/03

Ourienses em Ourém

Vila Nova de Ourém, 2 de Setembro de 1956.

Há cerca de um ano escrevi neste jornal um artigo a que dei o cabeçalho “Internacionais e Olímpicos em Ourém”. Era o Sport Lisboa a Saudade que nos visitava com toda uma plêiade de atletas famosos, de grandes jogadores do passado.

Agora não são internacionais, nem olímpicos, nem jogadores de futebol, são ourienses animados por um sopro de boa vontade. Agora não se vai ouvir o grito: “aquele é ó Espírito Santo”; “olha o Xavier e o Gaspar Pinto”; “aquele além que fintou quatro é o Albino”, mas ouvir-se-á: “aquele é o José Afonso”; “olha o médio que é do Vale Travesso”; “e aquele que esta a dar barraca é do Zambujal e aqueloutro de óculos é o Armelim do Olival”; “coitadinhos, jogam ainda menos que os de cá”, etc., etc.

O tempo agora parece que custa mais a passar e acontece-nos o mesmo que aos internacionais de futebol que estão semanas de estágio a pensar, em 90 minutos. Nós estamos também semanas que parecem meses a pensar num dia que parecerá uma hora.

Depois do futebol virá a gincana e de Lisboa os volantes são quase todos estreantes. Mais uma prova de confraternização, de pura confraternização, mas que terá, certamente muito interesse, já pela pessoa que a organiza, já pelos “espadas”, que concorrerão.

Sejam quais forem os resultados, se tudo tiver corrido bem, a Secção Desportiva e Recreativa da Casa de Ourém voltará para Lisboa satisfeita por se sentir útil à causa do regionalismo.

O programa estabelecido tem a seguinte sequencia:

Às 10 e 30: chegada da comitiva ida de Lisboa;
Às 11: jogo no Lagarinho entre a Secção Desportiva e Recreativa da Casa de Ourém e o Clube Atlético Ouriense; depois almoço de confraternização e às 16 gincana de automóveis.

Como último desejo o de que esse dia 9, que nos parecerá uma hora, fique para sempre na saudade dos ourienses.
S.R.
No “Noticias de Ourém” a 02/09/1956

1 comentário:

Anónimo disse...

Assim não vale, ó NA!
Fica um fulano com lágrimas nos olhos...
Em Setembro de 1956 tinha eu 20 anos!
Era tudo tão bonito... fui tudo tão bonito! Teria sido tudo assim tão bonito?!
E ainda ontem tive a surpresa da visita ao Som da Tinta do Armelim, o dos óculos...
Obrigado e um grande abraço