2006/03/18

Má Lingua VIII

O SACRISTÃO

Tlim, Tlim, Tlim
Quando eles levam massinha
Também ganha o sacristão.
Tlim...
Vão lá por na sacristia
O milhinho e o feijão.
Tlim...
E vai lá este ratito
E leva parte do grão.
Tlim...
Quando a pedincha vai boa
Que mina p´ró sacristão.
Tlim...
Do azeite que sobeja
Levo uma amostra para casa
Tlim...
Inda fica a lamparina
Quase cheia, quase rasa.
Tlim...
Levo os cotinhos das velas
Para alumiar ao serão
Tlim...
Que de enterros e batisos
Os repiques nada dão.
Tlim...
E quando há festas maiores
Com fogaças e com flores
Tlim...
Tenho aqui esta chavinha
Que é da casa dos andores.
Tlim...
Cá vou girando atrás deles
Sempre alguma coisa cai
Tlim...
Param em todas as vendas
E um copito sempre vai.
Tlim...

A CEGADA
CORO
Olé, Olé, Olé
Esta vida é um canudo,
Toca a gozar na paródia
Agora pelo entrudo.
Olé, Olé, Olé
Esta vida pouco vale
Vemos lá p´rá berzundela
E quem quiser que se rale.
Olé, Olé, Olé
Esta vida é um tamanco
Que não vale uma sardinha
E duas celhas do branco
Olé, Olé, Olé
Esta vida pouco vale,
Ele... alguns até parece
Que andam sempre em Carnaval

CAMPINO
Onde vaia minha q´rida
Com janota tão garrido?
Tira daí as patinhas
Não te faças atrevido.

JANOTA
Vamo-nos juntar os dois,
Não damos satisfação,
O que tem você com isso,
Seu campino sem brigão?

CAMPINO
Não te ligues ao pinoca
Que ele não sabe o que diz
Não troques o lindo Tejo
P´las tristes margens do Liz.

JANOTA
Vais gozar melhoramentos
Vais ter ruas calcetadas,
Em cada largo um jardim
Com águas canalizadas.

CAMPINO
Não te fies em promessas
Não vás no bote embarcar,
Mais do que eu te tenho dado
Não é capaz de te dar.

JANOTA
Deixa lá esse campino
Tratar cavalos e bois,
Vem comigo p´ra Leiria,
Vida faremos os dois.

CAMPINO
Mas isso não vai assim
Sem haver trolha valente,
Afocinhas que é uma graça,
Ai se te pego de frente.

RAPARIGA
Entre dois apaixonados
Não sei p´ra quem me voltar.
Se fique com Santarém
Se a Leiria me ligar.

JANOTA
Valentões do Ribatejo
Não metem medo a ninguém,
Vem comigo, meu amor,
Desliga de Santarém.

CAMPINO
Chega-me a mostarda às ventas.
E vai sair grossa asneira,
Levas já uma patada
Saltas num instante a trincheira.

POLICIA
Na frente da autoridade
É porivido o motim,
Se desatam à galheta
Vão os dois para o estarim.

O DA VIOLA
P´ra não haver zaragata
É melhor, estas a ver.
A menina dentre os dois
Cal é que quer escolher?

POLICIA
Falou bem, sou da viola,
Bocê é que tem rezão,
Quer Leiria ou Santarém,
Diga sim, ou diga não.

RAPARIGA
Não é feio este rapaz
Tem assim um tipo fino,
Mas amor de cá de dentro
Eu tenho mais ao campino.

JANOTA

Pertence-me esta menina,
Se quer ver, senhor soldado,
Eu trago aqui no meu bolso
Um grande abaixo-assinado.

CAMPINO
Guarde lá esse papel
Oh seu trouxa, oh gabirú,
Pode deitá-lo no lixo,
ou então limpar-lhe o...

CORO
Olé, Olé, Olé
Esta vida é um canudo,
Toca a gozar na paródia
Agora pelo entrudo.
Olé, Olé, Olé
Esta vida pouco vale
Vemos lá p´rá berzundela
E quem quiser que se rale.
Olé, Olé, Olé
Esta vida é um tamanco
Que não vale uma sardinha
E duas celhas do branco
Olé, Olé, Olé
Esta vida pouco vale,
Ele... alguns até parece
Que andam sempre em Carnaval

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