Vila Nova de Ourém, 18 de Outubro de 1959.
OURÉM DE ONTEM
Por Joaquim Ribeiro
Por Joaquim Ribeiro
(Continuação do número anterior)
Na Praça, lá estava já nesse tempo, e há muito, a farmácia do falecido Alfredo Leitão, com a fabriqueta de pastilhas ao lado, onde o César e o António Ezequiel ocupavam parte do seu tempo. Mais adiante, a loja da Joana Fidalga e a do Joaquim Latoeiro já mais recente. Do outro lado, topo nascente, José Nicolau à esquina, mais tarde o Joaquim Simões, Madruga, e a Virgininha logo a seguir; depois o Joaquim Baptista cujo negócio quase se limitava aos dias de mercado, e o Ti Máximo com a sua alfaiataria.
A casa de Dr. Agripino (a actual Caixa Geral dos Depósitos) era uma das construções de maior categoria que então havia na Vila. Pena foi – a um dia o dissemos no “Noticias de Ourém” – que em vez da transformação porque a fizeram passar não fosse construído um edifício novo para o mesmo fim, porque a vila contaria agora com mais um prédio a enriquecê-lo, e de que bem precisa.
Entre esta e a loja do José Maria Fernandes existia um casarão a cair de velho, que julgo que nem para arrecadações servia.
Em seu lugar construiu-se o imóvel de 2.º andar que hoje lá vemos, e onde o António Dias, há trinta e tal anos, instalou o primeiro café da Vila, o Café Central hoje propriedade do Joaquim Espada, depois de ter pertencido também ao falecido Joaquim Simões, pai do nosso Crispim, e onde este era o melhor freguês do bilhar.
O José Maria Fernandes, proprietário da loja da esquina, era um comerciante diplomata e de grande respeitabilidade e prestigio.
Estamos a vê-lo com as suas barbas até ao peito a caminho do Ribeirinho onde tinha o seu armazém.
Em frente, a loja do Cândido passou por vários ramos até se fixar ao de fazendas e miudezas do José Maria Alves Marques.
Pegado moravam as Saragaças, e o cartório do Deus.
No largo da fruta – noutros tempos feira das galinhas – não havia estabelecimento, além do Jorge sapateiro e mais tarde o César a rapar queixos. Ao lado o cartório de contadoria judicial de João António Guimarães Pedrosa, e mais acima, ao canto, o atelier de escultura, do saudoso Luiz Fernandes, onde os rapazes do nosso tempo se juntavam de vez em quando, Dum lado, por cima era a escola feminina regida pela D. Ana Rita Xavier Pedrosa, do outro morava o referido José Maria Fernandes, e ao topo norte o médico Dr. Barjona de Freitas e depois o Dr. Luz Preto. Daqui para a “Feira do Mês” havia uma ruazita rodeada de muros de quintais que não devia ter um metro de largo.
O Largo da Loiça, quanto a edifícios, está quase na mesma. Novo apenas a casa do Bernardo e aquela onde está a Loja dos Rapazes, e dentro da cerca do Hospital o monstro do Asilo. Ali existiu noutros tempos a Redacção da “Voz de Ourém” com a sua Tipografia própria e a oficina de funileiro de Artur de Oliveira Santos; o Luiz da Balbina com a sua oficina de sapateiro, o Figueiredo com a de funileiro; o Testa com barbearia e ainda o Vicente das máquinas. Mais acima, à esquina, o estabelecimento de Manuel Joaquim Ribeiro, com o seu salão de bilhar e outros jogos no 1.º andar em frente. Neste mesmo largo, embora com pouca duração, existiu ainda a Associação dos Caixeiros – núcleo dos empregados do comércio de Vila Nova de Ourém – com o seu grupo musical dirigido pelo chefe dos Correios Mariano de Azevedo Melo, o maestro Mosca como alguém, lhe chamou. Aqui existiu também, no bocadinho da rua que liga o largo à nova Avenida, o Centro Republicano, a loja Rito & Nogueira, depois a Piedade Vicente com a sua loiça de barro; e ainda o José Cachola à esquina e o chapeleiro Joaquim Lourenço em frente.
Para cima estendia-se e estende-se “Castela”, hoje ainda quase na mesma, à parte um bairrozinho engraçado junto ao “Pele e Osso”. O Ti Idalino, que era há trinta e tal anos o centro de reunião da rapaziada de “tacão alto”, passou para o Zé Barroia e depois para o Zé Chucha, até que, segundo creio, acabou.
CONTINUA…
No “Noticias de Ourém” a 18/10/1959
1 comentário:
Caro Nuno Abreu,
Obrigado por colocar estas notícias na internet. Em relação ao relato "Ourém de Ontem", na parte onde se fala do atelier do escultor Luiz Fernandes, teria por acaso a referência do número da página do jornal?
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