Vila Nova de Ourém, 15 de Novembro de 1959.
OURÉM DE ONTEM
Por Joaquim Ribeiro
Por Joaquim Ribeiro
(Continuação do número anterior)
Coisas sobre a indústria
A indústria era de pouca importância. Apenas umas pequenas oficinas na vila: as de sapataria do Jorge, do Frazão e a do Albertino, de serralharia do António Balseiro; alfaiatarias do José Leitão, Ti Máximo, Joaquim Claudino e outros; as de funileiro do João Leal, Joaquim Latoeiro, Frederico Ferrer Guimarães, António Figueiredo, Artur de Oliveira Santos também com a sua tipografia; as, de picalimas, do Gil, ao Ribeirinho e a de Alfredo Maria Pedrosa no Regato; as de Olaria e de cordoaria lá para “Castela” e ainda a de concertos de bicicletas, que pouco tinha que fazer, pois em todo o concelho talvez não houvesse ao tempo, um quarteirão desses meios de transporte.
Construiu-se um edifício no Lagarinho, para uma fábrica de curtumes, que julgo não chegou a funcionar, e ainda uma outra de sabão, mesmo na Vila, que teve fim igual.
Existia na Milheira uma fábrica de serração de um tal Tomás de Belmonte, que se limitava a serrar madeira para arcos de peneira e crivos.
Mais tarde... 1920? montou-se no Ribeirinho a serração dos Verdascas que constituiu motivo de contentamento na população. Esta já era mais importante e com isso víamos nós o princípio de uma nova era da indústria em Ourém, o mesmo era que supor mais trabalho, mais riqueza.
A seguir muitas outras foram instaladas na Vila e por todo o concelho, de serração, de carpintaria etc., mas essa parte já é referente à conferência que tratar Vila Nova de Ourém no presente.
A Corporação dos Bombeiros e o seu progresso
A Corporação dos Bombeiros é mais antiga do que a minha fixação em Vila Nova de Ourém, em 1912, mas já no ano anterior tinha assistido a um exercício num esqueleto arvorado junto à rua Dr. Silva Neves, próximo da garagem de José Agostinho da Graça, e ali vi trabalhar, sob o comando de Alfredo Leitão o corpo activo desse tempo – José Rito, Joaquim Pereira, Júlio Alves, António Lopes, Francisco Baleco, Manuel Freitas da Silva.
O seu “Quartel” era onde e hoje a garagem do Dr. Manuel Durão, e que então fazia parte do teatro – o seu átrio e bilheteira. - A dependência era pequena, mas o material ali guardado também era pouco: uma bomba manual que ainda hoje existe como relíquia, uma ou duas mangueiras, e o equipamento do corpo activo.
A evolução operada nesta corporação todos a conhecem e podemos dizer com orgulho ser uma das melhores do País, em terras da categoria da nossa.
Figuras típicas
Todas as terras têm as suas figuras típicas ou características e Vila Nova de Ourém também tinha as suas: o Cunha, o Adriano e o João Rito. O Cunha, o antigo “barrigas” das tipóias de Lisboa, subia todos os dias à Vila vindo do Carregal, onde morava, com a sua inseparável bengala e o seu chapéu de coco em dias solenes. Discutia e ralhava com toda a gente, por tudo e por nada, mas era amigo de todos e todos amigos dele. O Adriano José Pereira, o conhecido “Larão”, alternava a sua profissão de barbeiro com a de preceptor muito amigo dos filhos do Vicente Rodrigues. E isto depois de ter deixado as suas funções de sacristão, em virtude de, por intrigas, ter batido no próprio S, Francisco. O João Rito figura extravagante e um pouco sinistra, trazia sempre um lenço a tapar-lhe a cabeça e parte da cara, para lhe não caírem as barbas nem o cabelo, que nunca cortava.
Como o Cunha também usava Chapéu de coco. Morava num casebre desmantelado ali para os lados da Fonte Nova, descendo de vez em quando ao povoado para ir às irmãs, donas da hospedaria, buscar dinheiro, para em seguida ir ao Sousa comprar charutos quinze reis, em que andava sempre pendurado,
E pronto. Cheguei ao fim – ainda bem dirão todos. O que lhes contei foi descolorido e mal apresentado sem dúvida, mas corresponde exactamente à verdade de alguns factos passados ao longo destes 50 anos. Se mais e melhor não fiz foi porque realmente mais e melhor não sei. Desculpem.
Coisas sobre a indústria
A indústria era de pouca importância. Apenas umas pequenas oficinas na vila: as de sapataria do Jorge, do Frazão e a do Albertino, de serralharia do António Balseiro; alfaiatarias do José Leitão, Ti Máximo, Joaquim Claudino e outros; as de funileiro do João Leal, Joaquim Latoeiro, Frederico Ferrer Guimarães, António Figueiredo, Artur de Oliveira Santos também com a sua tipografia; as, de picalimas, do Gil, ao Ribeirinho e a de Alfredo Maria Pedrosa no Regato; as de Olaria e de cordoaria lá para “Castela” e ainda a de concertos de bicicletas, que pouco tinha que fazer, pois em todo o concelho talvez não houvesse ao tempo, um quarteirão desses meios de transporte.
Construiu-se um edifício no Lagarinho, para uma fábrica de curtumes, que julgo não chegou a funcionar, e ainda uma outra de sabão, mesmo na Vila, que teve fim igual.
Existia na Milheira uma fábrica de serração de um tal Tomás de Belmonte, que se limitava a serrar madeira para arcos de peneira e crivos.
Mais tarde... 1920? montou-se no Ribeirinho a serração dos Verdascas que constituiu motivo de contentamento na população. Esta já era mais importante e com isso víamos nós o princípio de uma nova era da indústria em Ourém, o mesmo era que supor mais trabalho, mais riqueza.
A seguir muitas outras foram instaladas na Vila e por todo o concelho, de serração, de carpintaria etc., mas essa parte já é referente à conferência que tratar Vila Nova de Ourém no presente.
A Corporação dos Bombeiros e o seu progresso
A Corporação dos Bombeiros é mais antiga do que a minha fixação em Vila Nova de Ourém, em 1912, mas já no ano anterior tinha assistido a um exercício num esqueleto arvorado junto à rua Dr. Silva Neves, próximo da garagem de José Agostinho da Graça, e ali vi trabalhar, sob o comando de Alfredo Leitão o corpo activo desse tempo – José Rito, Joaquim Pereira, Júlio Alves, António Lopes, Francisco Baleco, Manuel Freitas da Silva.
O seu “Quartel” era onde e hoje a garagem do Dr. Manuel Durão, e que então fazia parte do teatro – o seu átrio e bilheteira. - A dependência era pequena, mas o material ali guardado também era pouco: uma bomba manual que ainda hoje existe como relíquia, uma ou duas mangueiras, e o equipamento do corpo activo.
A evolução operada nesta corporação todos a conhecem e podemos dizer com orgulho ser uma das melhores do País, em terras da categoria da nossa.
Figuras típicas
Todas as terras têm as suas figuras típicas ou características e Vila Nova de Ourém também tinha as suas: o Cunha, o Adriano e o João Rito. O Cunha, o antigo “barrigas” das tipóias de Lisboa, subia todos os dias à Vila vindo do Carregal, onde morava, com a sua inseparável bengala e o seu chapéu de coco em dias solenes. Discutia e ralhava com toda a gente, por tudo e por nada, mas era amigo de todos e todos amigos dele. O Adriano José Pereira, o conhecido “Larão”, alternava a sua profissão de barbeiro com a de preceptor muito amigo dos filhos do Vicente Rodrigues. E isto depois de ter deixado as suas funções de sacristão, em virtude de, por intrigas, ter batido no próprio S, Francisco. O João Rito figura extravagante e um pouco sinistra, trazia sempre um lenço a tapar-lhe a cabeça e parte da cara, para lhe não caírem as barbas nem o cabelo, que nunca cortava.
Como o Cunha também usava Chapéu de coco. Morava num casebre desmantelado ali para os lados da Fonte Nova, descendo de vez em quando ao povoado para ir às irmãs, donas da hospedaria, buscar dinheiro, para em seguida ir ao Sousa comprar charutos quinze reis, em que andava sempre pendurado,
E pronto. Cheguei ao fim – ainda bem dirão todos. O que lhes contei foi descolorido e mal apresentado sem dúvida, mas corresponde exactamente à verdade de alguns factos passados ao longo destes 50 anos. Se mais e melhor não fiz foi porque realmente mais e melhor não sei. Desculpem.
Fim
No “Noticias de Ourém” a 15/11/1959
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