2005/07/03

Joaquim Gomes Vieira Gaio

Vila Nova de Ourém, 29 de Maio de 1960.

A Casa de Ourém, a Biblioteca Pública Ouriense e o “Notícias de Ourém” deliberaram promover a publicação da erudita conferência que a senhora Dona Lita Scarlatti escreveu acerca da figura humana e literária de um ouriense ilustre, Afonso Henriques Vieira Gaio.
Proposto o assunto à Câmara Municipal, conta-se, para já com a amável aquiescência do Sr. Presidente da Câmara que nos prometeu subsidiar a publicação, e afirmou que considerava de elevado interesse e oportunidade esse trabalho.


(Foto Via Ourém Blog)

As diligências atinentes a tais propósitos vieram levantar-nos o problema da ascendência de Afonso Gaio. Trazemo-lo, aqui, por curiosidade, visto que corrobora “a hipótese deste vir a ter o seu nome ligado a uma artéria de Ourém e o respectivo monumento”, embora isso em nada altere a personalidade versada na conferência da ilustre Senhora. Por outro lado, maior dívida teremos, para com o descendente se pudéssemos vir a saber, com toda a autenticidade, que teve grande prestígio na vida social do concelho o progenitor do dramaturgo.

Inquiria a notabilíssima escritora sobre as supostas relações entre o poeta e “um cavalheiro a quem o concelho deve muitos bons serviços, como administrador e presidente da Câmara, Dr. Joaquim Gomes Vieira Gaio”, (vide Esboço Histórico do Dr. Neves Eliseu, pág. 109) e o tenente-coronel Dr. Joaquim Gomes Vieira Gaio que nos aparece, também, rodeado de grande preito na referida história do concelho, recebemos a comunicação que passamos transcrever, ipsis verbis, para lhe não tirarmos uma palavrinha de humor Scarlattiano.

Entre os jurisconsultos que exerceram a sua Profissão no concelho, mas vindos de fora, inclui-se Joaquim Gomes Viera Gayo, do Reguengo, em 1844.

Em 1847, o tenente-coronel, Dr. Joaquim Gomes Vieira Gayo, era o comandante da guarda de segurança no concelho de Ourém.

Entre os administradores que substituíram os provedores em Ourém, o sétimo em nomeação foi, desde Fevereiro de 1847 até Dezembro de 1848, Joaquim Gomes Vieira Gayo.

Em 1853, separa-se da administração, geral das matas nacionais o “Pinhal do Rei”, de que tomou posse, um empregado da Casa de Bragança, em 21 de Novembro de 1853. O rendimento era a gratificação que a Casa de Bragança dava ao administrador que foi, o Dr. Gayo.

Nota – se, em 1844, quando vindo de fora passou a fazer parte dos jurisconsultos de Ourém, o Dr. Gayo tivesse 30 anos, à data do nascimento do seu último filho, Afonso Gaio, em 1872, teria 58 anos.

Ora, de 1828 até 1834 foram as lutas liberais. Depois houve a patuleia, a Maria da Fonte etc. e tal. Época atribulada, tal como o período napoleónico, deu aso a rápidas promoções no exército.

O cavalheiro de Ourém, podia ser um jovem oficial, pai de Afonso Henriques Vieira Gaio?

Se a figura de poeta e intelectual nada cresce ou diminui com a posição social do pai, o esclarecimento deste curioso facto é todavia, para nós, sumamente interessante.

À senhora Dona Lita Scarlatti, talentosa autora de o “O Cabo das Tormentas” e “Segredos da Montanha”, deixamos aqui registada a expressão muito distinta do nosso reconhecimento pelas informações que nos deu, tanto mais que cada linha escrita sobre Afonso Gaio, representa para o seu trabalho de proba investigação os mais exaustivos esforços, esforços que hão-de coroar de êxito a causa do nosso conterrâneo, esquecido, mas bastante notável para merecer a homenagem dos seus patrícios.

J.G.

No “Noticias de Ourém” a 29/05/1960

Sem comentários: